A federação de luta livre brasileira BWF, fez uma matéria com o jornal: "Diário do Grande ABC" que foi exibida no dia 13 de março de 2011.

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Muito mais que marmelada!



"Vou acertar aqui e você cai ali". A orientação partiu do veterano Nino Mercury antes de saltar com os dois pés e aplicar no peito um clássico drap. Pronto, este repórter estava batizado e se credenciou na prática para mergulhar no inusitado mundo da luta livre brasileira. "Machucou, garoto? Não? Ih, estou velho mesmo", emendou o lutador de 62 anos (42 no esporte), antes de cair na gargalhada.
O Diário invadiu o treino dos profissionais da modalidade, em Santo André, e comprovou que bom humor, caras, bocas, golpes espetaculares e a mescla esportiva e teatral ainda mantêm acesa a chama do Telecatch. O show virou febre e fez sucesso estrondoso nos anos 1960/1970 capitaneado pelo italiano naturalizado argentino Ted Boy Marino, manteve a veia cult nos 1980 e caiu em relativo ostracismo no fim dos 1990, quando praticamente desapareceu da mídia televisiva, a maior aliada.
No começo da década, o show amargou períodos mambembes, e hoje reestrutura-se de forma gradativa. "Luta livre depende de carisma. E o fato de ser algo transmitido de pai para filho perdeu-se com o tempo. Apostamos em resgatar versões de personagens antigos e misturar com novos para reativar esse vínculo familiar que promovia nossa essência desde o começo", conta Bob Júnior, presidente da BWF (Brazilian Wrestling Federation), a maior organização brasileira e filho do lendário Bob Léo, um dos precursores da modalidade.
Além da tática nostálgica, Júnior administra a carreira de 56 atletas em tom empresarial. O circuito de apresentações é promovido a cada 15 dias e chega a ter média de público de 1.000 pessoas. No lugar dos ingressos, são pedidas doações de alimentos. O patrocínio vem de comerciantes locais e, em menor número, das prefeituras. "Aos poucos ganhamos confiança. A molecada jamais vai nos abandonar, não importa a geração", vislumbra.

QUEBRA-QUEBRA
No ringue, o festival de golpes acrobáticos, chaves, torções, tesouras, puxões de cabelo e até cadeiradas impressiona pela ousadia. Os treinos exigem preparo de atleta e noções de artes marciais, além de dedicação redobrada para encarnar personagens. "Somos atores do corpo", afirma Bob Júnior.
Na prática, há sempre o base (vilão) e o volante (herói). A partir daí, são criadas storylines para apimentar os combates. Vitórias e derrotas são estipuladas de acordo com fatores como popularidade. As lutas acontecem de forma espontânea, e as lesões são realidade pura. "Tenho 25 fraturas. Acho que só não quebrei o pescoço. Ainda", conta Red Calibre, um dos mais habilidosos da nova geração.
O grupo treina sempre junto e todos conhecem os golpes e características de cada um. Assim, a execução dos movimentos é afinada e transmite realidade. "Uma senhora invadiu o ringue uma vez, no momento em que um lutador maior massacrava o menor. Ela achou que fosse covardia e sentou a bordoada com vontade. O base entrou no clima, começou interagir e provocá-la, mas teve de se defender de verdade dos tapas e chineladas. Foi hilário", conta Júnior.

Nino Mercury é representante ativo da velha guarda
Limão espremido nos olhos, cadeirada, cabeçada, torcicolos e traumatismos graves. O veterano Nino Mercury, 62 anos, já passou por tudo nos ringues de Telecatch.
Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, e morador de Santo André há mais de três décadas, o Italianíssimo começou a praticar luta livre em 1968. "Andava nas ruas e o pessoal me chamava de Ted Boy (Marino). Aí fui ver o que era isso e me deparei com essa modalidade", explica.
Hoje, tem mais de 5.000 apresentações no cartel, ainda segue na ativa com o clássico cadenciado e dispara golpes tradicionais como a tesoura (aplicada no pescoço) e o drap (chute voador com os dois pés) bem afiados.
"Este esporte é mágico, tanto para quem pratica ou assiste. É muito mais que um vício. Sempre vai ser a coisa mais forte da minha vida. Não fico sem", comenta.
Ex-gerente de banco no centro da cidade do Grande ABC, Nino sempre conciliou a profissão com a carreira no Telecatch profissional.
Atualmente, além de lutar, participa como comentarista dos eventos e reforça o tom democrático da nova filosofia do esporte. "Luta livre não tem idade, tamanho ou peso. Olha meu físico privilegiado", brinca, para depois acariciar a barriga avantajada.
O pior momento veio em 1985. Em show realizado no Interior de São Paulo, foi arremessado às cordas do ringue, que estavam podres e estouraram. Nino virou e aterrissou de cabeça.
"Estourei os tímpanos. Foi terrível", conta. "O pior de tudo é que no caminho do hospital esqueceram de me amarrar à maca da ambulância. Na primeira curva da estrada, voei longe. Fiquei na UTI cinco dias em estado grave, mas não houve fratura. Voltei aos treinos em apenas um mês. Minha esposa surtou", afirma.

Máscaras mexicanas diferenciam clãs
A luta livre tem características adaptáveis de acordo com cada território. No México, o misticismo e a incorporação dos personagens são levadas ao extremo nos shows de lucha libre, comumente ligada a pontos sociais e políticos do país.
A maioria dos lutadores utiliza máscaras estilizadas com adereços ou símbolos, que caraterizam cada família.
Os atletas incorporam guerreiros aztecas, santos cristãos ou super-heróis de quadrinhos, mas sempre recorrem ao apelo popular: combatem em nome das pessoas comuns, dos trabalhadores e pobres.
"Na verdade, é afronta para um mexicano ter a máscara retirada ou ser visto sem ela. Raramente o perdedor é desmascarado, algo muito dramático para os fãs", afirma o brasileiro Sônico, um dos principais representantes da nova geração, inspirada nos atletas mexicanos.
A lucha libre é composta por movimentos aéreos e acrobáticos em combinações rápidas. Os luchadores costumam ser menores e mais ágeis do que os norte-americanos. "Os fãs adoram dramaticidades. Os atletas que representam o base (vilão) assumem atitude racista e elitista para inflamar os torcedores", comenta Sônico.

WWE volta ao Brasil para sedimentar marca
Os eventos do WWE (World Wrestling Entertainment), maior franquia do pro-wrestling do mundo, voltaram a ser transmitidos no Brasil neste mês pelo canal UHF Esporte Interativo. A primeira incursão da marca ao País foi há dez anos, na época ainda chamado de WWF. Agora, a ideia será fomentar a fatia de sucesso já atuante em 145 países e alcance de seis milhões de lares.
"Espetáculo de nível precisa de boas histórias e bons personagens. E isso sempre foi grande facilitador do nosso esporte", afirmou o Superstar Evan Bourne, um dos campeões do circuito, que esteve no Brasil para divulgar a marca.
Além das transmissões, o planejamento será trazer a série de produtos, como camisetas, agasalhos e bonecos dos lutadores. "Não há nada mais prazeroso que receber aplausos de fãs diferentes aos redor do mundo. Cada um reage de maneira diferente. Isso não tem preço", emenda.
O circuito do WWE é realizado com regularidade semanal. Mesmo concebido no sisudo padrão norte-americano, Bourne garante que nem tudo é ensaiado. "Muitas vezes não é fácil levar socos e a adrenalina não explodir. Há improvisos por toda parte", conta.

SUPERSTAR X SPIDER
Evan também é fã confesso de MMA (ou artes marciais mistas), principalmente do brasileiro Anderson Silva, campeão dos médios (até 84 kg) do UFC. Sobre a possibilidade de encarar algum dia o Aranha, o astro do WWE foi direto. "Nunca pensei nisso. Mas provavelmente apertaria a mão dele e correria o mais rápido possível", brinca.

‘Não contem a verdade para seus filhos''
Quando seu filho completar 9 anos, conte para ele que o coelhinho da Páscoa nunca entrou pela janela. Quando ele fizer 10, pode dizer toda verdade sobre Papai Noel. Mas nunca, em hipótese alguma, fale para o menino que a luta livre é marmelada. Você não imagina o que essa verdade pode causar na cabeça do moleque. É um golpe sem chance de revanche.
Não falo isso para livrar a cara desses malucos que ainda teimam em usar sungas de coloridos duvidosos por cima das calças e passam horas treinando e ensaiando golpes, tombos e caras feias.
Embora em alguns países o Telecatch tenha status de combate e estilo de vida bem mais sério que no Brasil, na verdade, o balé sincronizado do ringues mambembes é extensão fantasiada das lutinhas que pais e filhos travam sobre os colchões de casa e nas quais os pequenos sempre devem ganhar, pelo bem da integridade física deles e da infância.
Nós, quase cinquentões, que vibramos com Aquiles, Ted Boy Marino, mal disfarçávamos o medo quando Fantomas atravessava as cordas, fomos para a lona quando um adulto sem noção decretou que tudo não passava de jogo combinado.
E o juiz começava a contagem sinistra: você já está com 12 anos, 13 anos, 14, 15, 16. Seri


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